The Kill Artist (Gabriel Allon, #1) de Daniel Silva


« Se estivermos a vigiar um alvo a partir de um café, não devemos fazer coisas que nos façam parecer estar a vigiar um alvo a partir do café, tais como ficarmos sentados sozinhos durante horas, a fingir estarmos a ler um jornal. »

Daniel Silva introduziu-me, da forma mais extraordinária, o mundo da espionagem. Pela primeira vez, este tema afigurou-se aos meus olhos, surpreendentemente sedutor, envolvente e enigmático. Cada vez que tive de interromper a leitura, para responder às minhas necessidades mais básicas como comer e dormir, enfim, questões de sobrevivência, sent-me como se nunca deixasse de fazer parte deste mundo imponente, repleto de vida. Durante a leitura fui mais que uma simples espectadora, sentindo verdadeiramente os medos e desejos do Gabriel Allon.

Tudo começa à Paris. A cidade da Luz e do Amor é o palco da tragédia que põe em marcha o conjunto de eventos marcantes e vibrantes que caracterizam o enredo sem igual do « O Artista da Morte ». Dois carros colidem. O trânsito pára. Um limusina é bloqueada. Um assassino cumpre, mais uma vez, o seu trabalho.

« Quanto mais longe estamos do nosso último desastre, mais perto estamos do próximo. »

De França aos Estados Unidos da América, de Inglaterra à Palestina e até mesmo Portugal, nunca antes nenhum autor me tinha levado numa viagem tão longa e maravilhosamente perturbante.

Gabriel Allon tem um olhar intenso. Com 50 anos é um homem atraente, habilidoso, meticuloso, misterioso, gentil e piedoso. Este restaurador de arte judeu, que em tempos foi um agente secreto israelita, vê-se novamente de volta ao mundo de espionagem. O nosso protagonista faz parte de dois mundos que, apesar de tão diferentes, não podiam ser mais iguais. O espião domina a arte de matar ea arte de restaurar, destacando-se como um dos melhores do mundo. Comme suas acções são movidas por acontecimentos obscuros, pela dor da tragédia eo desejo de vingança. Atormentado por um passado distante, o espião é caracterizado por uma personalidade distinta. Interpreta diversos papéis durante as suas missões e, Independentemente do contexto em que esteja inserido, representa cada personagem com a maior naturalidade. É um acteur magistral, cujo palco é o mundo real. Os seus papéis nunca são demasiado pequenos, por muito escassas que sejam as falas ou o tempo que dedica à personificação. Gabriel Allon é semper o protagonista.

« A vingança é boa. A vingança é saudável. A vingança é purificadora. »

Tariq é um palestiniano revoltado, com uma mente distorcida e um desejo de derramar sangue pelos que perdeu demasiado grande para ser ignorado. Este líder terrorista tem uma inteligência superior ao normal, afinal de contas domina a técnica da espionagem. Um adversário à altura de Gabriel Allon que não é um novo conhecimento, mas sim um inimigo há muito adquirido.

Ari Shamram é, n’a pas d’avis de tous les jours avec ce quem trava conhecimento, um homem careca, bastante feio, cujo casaco com um rasgão no peito direito suscita semper alguma curiosidade. Este guerreiro da velha escola é chamado da reforma para se tornar no chefe do Departamento – da agência secreta israelita – de forma a restaurar a sua reputação manchada por missões falhadas. O seu método de trabalho baseia-se no seu eterno hábito de nunca deixar a mão esquerda saber o que a direita está a fazer. Shamram é o homem que nos apresenta o nosso herói, o qual só é capaz de fazer o seu trabalho com o auxilio de editoras, empresas de transporte, galerias de arte, farmácias e outros tantos negócios legais, que actuam e sãovel mundial a ní .

Quando o Daniel Silva já tinha o controlo dos meus pensamentos e emoções, eis que me é apresentada Sarah, conhecida no mundo da moda como Jacqueline Delacroix. A agente de 33 anos é uma presença imprescindível para o enredo. Esta mulher bela e Independente é uma poderosa presença feminina na vida de Gabriel Allon.

Para além do astuto Shamram, do perverso Tariq, da lindíssima Sarah e do talentoso Gabriel Allon, Daniel Silva apresenta-nos muitas outras personagens que, apesar de não serem principais, representam um papel igualmente important. O auteur não deixa nenhuma delas para segundo plano. Muito pelo contrário, apresenta-nos cada uma delas com descrições pertinentes e detalhes sedutores. Desde uma drogada que trabalha num bordel a um rapaz de 12 anos chamado Peel, o leitor tem acesso à alma humana. Comme personagens são reais e as suas histórias de vida não podiam ser mais verdadeiras.

« Trabalho de espionagem é paciência. Trabalho de espionagem é tédio. »

O autor e antigo jornalista narra-nos uma história isenta de momentos enfadonhos, aliando, de uma forma perspicaz e estimulante, a ficção a factos históricos.
A guerra secreta entre os serviços de espionagem israelitas e as guerrilhas palestinianas são introduzidos majestosamente: a luta dos judeus contra os terroristes que os querem ver mortos não podia ser retratada de uma forma mais convidativa e provocante. Com seriedade ou humor, detalhadamente ou superficialmente, de uma forma breve ou longada, Daniel Silva tem o dom da escrita. O seu ritmo está em sintonia perfeita tanto com o leitor, como com o enredo.

Nesta grandiosa luta entre os povos israelita e palestiniano, em que todos os meios justificam a salvação e defesa dos povos o desfecho é surpreendente. Gabriel Allon é um homem preso entre duas realidades, que ainda não encontrou a paz interior no seu mundo de várias camadas.

« O trabalho de um espião nunca está feito. » Que venha o próximo livro.



Source link