samedi, décembre 28, 2024

Paris Spleen de Charles Baudelaire

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O impacto de Baudelaire na poesia francesa oitocentista é equivalente ao de Victor Hugo na prosa do período análogo. Tal como Hugo, Baudelaire representa um autêntico cometa que veio revolucionar os meios literários e artísticos atraves dos quais melhor se expressou. Na verdade, a publicação da sua primeira, e definidora, obra poética, Comme Flores do Mal (1857), mereceu um elogio rasgado da parte do próprio Hugo : « as suas Comme Flores do Mal brilham e deslumbram como estrelas” (consulter Références).

Apesar de ficar conhecido para a posteridade pela sua poesia, foi pela crítica de arte que Baudelaire primeiro enveredou. A atestá-lo está a publicação do Salon de 1845 je fais Salon de 1846, mistos de catálogos das obras então expostas no salão parisiense e de uma fina censura contra a parcialidade dos criticos de arte da Monarquia de Julho. Na génese destes ensaios estava já subjacente aquela que seria a sua futura teorização da arte e do conceito de modernidade, ea relação intrínseca entre ambas, a partir do período Romântico, com a conséquente rejeição dos modelos clássicos, expo O Pintor da Vida Moderna.

Parallèlement, e de important relevância para a maturação do sentido estético baudelairiano, surge o interesse pelo autor americano Edgar Allan Poe. Responsável pela geral aceitação de Poe em França, através de inúmeras traduções da sua lavra, Baudelaire considerava-o o seu antecessor literário, ea ele foi beber inspiração para o grotesco eo satanismo onírico da sua lírica. A produção intermitente destas traduções coincidirá com a publicação da œuvre maîtresse Comme Flores do Mal, corte definitivo com a hegemonia do canone romântico na poesia, abrindo novos horizontes na expressividade simbólica e fragmentária, prehe de sensações e intuições que prefiguram já uma nova estética de estilo impressionista. A morte prematura de Baudelaire (1867), aos 46 anos, vítima dos excesos a que se votou, ea pouco mais de meia dúzia de obras publicadas em vida não devem, contudo, enganar o observador superficial, a maior parte das suas produções literárias publicada postumamente.

O Spleen de Paris encontra-se precisamente entre essa produção póstuma, tendo sido dado ao prelo em 1869, pelas mãos de Charles Asselineau e Théodore de Banville. O nome pelo qual também é conhecido, Petits Poèmes en Prose, évidencia o carácter formal inovador, composto por cinquenta poemas em prosa, à maneira de Louis Jacques Napoléon Bertrand, seu inventeur. Como parte da sua busca por uma nova expressividade capaz de apreender e plasmar a realidade em perpétua e alucinante mudança da modernidade, propósito último de Baudelaire, O Spleen de Paris representa uma quebra decisiva com comme formas poéticas tradicionais, alteradas mas não derrubadas pelos Românticos. Nas suas próprias palavras, esse invólucro Exterior deveria assumir a forma de uma « prosa poética, musical sem ritmo e sem rima, suficientemente maleável e suficientemente contrastante para se adaptar aos movimentos líricos da albrema, às ondulaçio BAUDELAIRE, p.17-18) .

Tendo passado os últimos anos da sua vida a terminar o Rate, no qual vinha a trabalhar de forma intermitente desde 1855, era intenção de Baudelaire que a colectânea de poemas funcionasse como complemento ou introdução a Comme Flores do Mal. À semelhança de Balzac em Une Comédie Humana, o thème central dos Petits Poèmes é a própria Paris caput mundi, leviatã insaciável da modernidade, cadinho da civilização ocidental em constant expansion, desta feita sob a batuta do barão Haussmann, introdutor da racionalidade urbanística. O conceito de rate que dá nome à obra, já introduzido em Comme Flores do Mal, é aqui aprofundado como forma de pintar a nova vida parisiense, convulsionada pelas constantes demolições de Haussmann, enegrecida pela pobreza e miséria humanas resultantes da industrialização, então em franca expansão, impregnada de tédio, desâúnimo .

A definição do poeta é outro dos vectores agregadores dos Petits Poèmes. Para Baudelaire, o poeta deve ser o nefelibata profissional da inquietude, eternamente incompreendido pela sociedade mundana, dela excluído para melhor captar o seu âmago; o flâneur das existências colectivas, vagueando não só pela cidade como pela alma dos transeuntes por quem se cruza, sendo sua obrigação viver múltiplas vidas, tantas quantas as que tocam a sua sensibilidade, naquilo que descreve como uma 40). O illuminismo, en particulier o mito rousseauniano do bom selvagem, é ridicularizado, sendo contraposto ao absurdo da vida mundana e às forças inelutáveis ​​do irracional. Em contrapartida, a estética décennientista é já antevista no poema « O Confiteor do Artista », onde é advogada a superioridade da subjectividade poética ea sua capacidade de artifício criativo em detrimento da esterilidade da natureza idíricoa e visão espontíatifica . Por fim, perpassa por toda a obra o indelével sabor, nas palavras do próprio Baudelaire, dos « países sonhadores que consolam Gambrinus » (BAUDELAIRE, p. 96), uma referência à cerveja e ao álcool (aos quais recoramoes como báls administras ), através da evocação do lendário herói europeu a eles associado.

Se a primeira metade do século XIX viveu sob a égide de Victor Hugo, a segunda metade de oitocentos viveria sob a influência de Charles Baudelaire. Após a sua morte, poetas como Verlaine, Rimbaud ou Mallarmé reivindicariam o ascendente baudelairiano na sua poesia. Deste modo, comme inovações formais les présente Comme Flores do Mal e O Spleen de Paris farão escola, particularmente a prosa poética abrirá novos horizontes poesia do século XX, pelo que podemos afirmar acerca de Baudelaire que é o primeiro poeta moderno. Ademais, tal como já referido, a sua estética será a base do movimento literário décadentista. Bem assim, o frequente emprego de uma simbologia sinestésica como forma de alargar os horizontes da apreensão de uma realidade apenas perceptível ao olhar perscrutador do sujeito poético constituirá o fundamento do movimento simbolista.

Como nota de rodapé, é interessante entrever, em embrião, o heterónimo de Fernando Pessoa, Bernardo Soares, nos versos « porquê obrigar o meu corpo a mudar de lugar, se a minha alma viaja tão lestamente ? E para quê realizar projectos, se o projecto já é um prazer suficiente?” (BAUDELAIRE, p. 71).

Références

https://www.theguardian.com/books/201… [Consultado a 06-10-2019].

BAUDELAIRE, Charles (2007) – O Spleen de Paris – Pequenos Poemas em Prosa. Lisbonne : Relógio D’Água Editores. (BI: Biblioteca de Editores Independentes, n.º 25).

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